sábado, 7 de janeiro de 2012

Nosso Encontro

O dia tardou a passar. As tarefas cotidianas me entreteram de certa forma, mas a cada folga do oficio um frio atravessava o estômago. Um pequeno temor, uma certa ansiedade, um desejo de que a hora corresse.

Tardou, mas por fim o relógio anunciou a hora de despedir-se dos afazeres de mais um dia de trabalho. Com a mochila nas costas e um balanço no peito, parti. Pegar o elevador, descer até o térreo, entra no metrô... Cada ação banal tinha nesse dia outra sintonia. Embalando essas cenas, devia soar algo feito nos filmes que narram um romance.

Um trecho curto de 10 minutos que a linha amarela realizou foi atemporal. Tive tempo para rever as frases que trocamos. Mentalizei seu rosto e seus dedos tocando piano, no meu intimido eu a desejei diante de mim, real. Meus passos tornaram-se pesados quando cheguei à plataforma. Ao pensar que apenas algumas escadas nos separavam todo o som dos transeuntes cessou e eu quase pude ouvir sua música.

A escada rolante deslizava rumo ao nosso encontro. Na minha frente, impedindo o fluxo, estava um casal gótico. Uma jovem senhora usando um tubinho preto, na coxa direita uma tatuagem floral. Seu par, um rapaz magro de cabelo comprido e olhos astutos, fitava aqueles que desciam para a plataforma na escada ao lado. Foram poucos instantes que me distrai para tais constatações, pois meus olhos ficaram fixos no horizonte que surgia, meu coração acelerava no compasso do movimento da escada.

Cheguei ao topo. Nas catracas da estação Consolação. Avistei minha companhia olhando para o celular. Um olhar absorto, talvez se concentrando no próprio nervosismo. Em instantes, nossos olhares se cruzaram, nossas mãos tensas se tocaram e todo nervosismo foi diluindo no desenrolar do encontro, dando lugar a cumplicidade.

Falamos sobre nós. Divagamos quanto as nossas aspirações, nossas relações... Durante nossa conversa as horas correram em outra dimensão. Meus olhos mediam o seu sorriso, suas mãos sobre a mesa e seus lábios...

É possível almas se reconhecerem gêmeas ou irmãs? É possível uma afinidade forjada sem o auxilio do tempo? Não sei responder... E confesso que não me interessa a questão. O que desejo desde aquele encontro é saber como fazer para não lhe soltar a mão, não desviar os olhos dos seus e o roteiro para encontrar seus lábios.

IMAGEM:
http://wikitravel.org/upload/pt/6/6a/MetroConsolacao.jpg

5 comentários:

  1. Profundo o texto, né?... gostei! Mas me parece que esse texto está um tanto encharcado de realidade, não acha? hehehehe

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  2. Talvez, a realidade é importantíssima para ficção, até mesmo para a científica... Deve haver sim uma veracidade interna... Mas como sempre gosto de lembrar: eu não sou o protagonista de meus textos!

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  3. Ah eu sei como é isso. Medir os olhos, a boca, aquela vontade de tomar aquele corpo e beija-la... é meio que um exercicio onde o coração luta com a razao.

    Otimo texto, amigo!

    Abçs!!

    Danilo Moreira
    http://blogpontotres.blogspot.com/
    Miniconto - A professora

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  4. Ahhh Gil! um dia eu vou escrever lindo assim, como vc... <3

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  5. Ahhhhhhh que lindoooooo, indações de Mi Neves e eu adoooorei.

    Lerei o resto e vou comentando!!=))

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