Pablo Neruda

Não sei como o sobrenome do poeta chileno, Neruda, colou nas minhas entranhas. Há muito tempo que a curiosidade, por saber o que dizia o autor, me perturbava. Aproveitando a iniciativa do projeto Embarque na Leitura, que me deixou mais perto da biblioteca, peguei um volume de poesias de Pablo Neruda: Cem Sonetos de Amor.

“Antes de amar-te, amor, nada era meus:
Vacilei pelas ruas e as coisas:
Nada contava nem tinha nome:
O mundo era do ar que esperava”.

Os livros de poesia não são constantes em minhas leituras, o que me impede de falar com propriedade sobre o estilo, mas confesso que me impressionaram as fortes expressões de Neruda. O autor, vencedor do Nobel de 1971, escrevia com verdadeira paixão quando o assunto era amor.

Sua biografia traz exílio, resistências e luta por causas sociais. Pablo Neruda era marxista e acreditava em uma América Latina mais justa através do socialismo. Bem sucedido na literatura, não teve a mesma sorte com as crenças políticas. Em 1973, aos 69 anos, o autor morre em Santiago, vendo dissolvido o governo de seu amigo marxista Allende.

Em 1994 é lançado na Itália um longa metragem inspirado no autor: II Postino (O Carteiro e o Poeta).

Dentro os textos que degustei fica o que mais me apeteceu:

XLIV

SABERÁS que não te amo e que te amo
posto que dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silencio,
o fogo tem uma metade de frio.

Eu te amo para começar a amar-se,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo todavia.

Te amo e não te amo como se tivesse
em minhas mãos as chaves da fortuna
e um incerto destino desditoso.

Meu amor tem duas vidas para amar-te.
Por isso te amo quando não te amo
e por isso te amo quando te amo.

Referencias:

http://www.neruda.uchile.cl/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pablo_Neruda

IMAGEM: http://2.bp.blogspot.com/_F3OW_ncXx7g/S8uiaZg78LI/AAAAAAAAAZo/kUfnM8gjm-M/s1600/216_pablo_neruda.jpg