domingo, 30 de janeiro de 2011

Desencontro Visceral

Seus olhos se umedeceram, eram lágrimas, mas ele sentia como se fosse sangue. O prazer se foi depois do gozo e amargou mais ainda seu ser.

A película agora ficou sépia. Um filme de solidão ocupou as tomadas, antes eram encenadas ações do instinto. Rápidas, fortes... Para que acabassem logo: mãos em coxas, lábios no pescoço, pernas entrelaçadas, barriga roçando em barriga. Gozo!

A indiferença é instantânea e depois do desejo saciado fica o “sem jeitismo”. Não era assim que eu queria, pensou ele.

Não havia possibilidade para um abraço, um beijo meigo, não havia espaço para o amor. O depois veio antes do início e deixou um gosto de estranhamento. Ele sonhou com uma mão que tocasse de um modo doce seu rosto, pele conhecida que o corpo não estranhasse.

Necessitava de olhos que fossem janelas, para que pudesse olhar sempre algo novo, toda a mudança do mundo, sem cessar, sem se cansar...

Lavou-se, secou-se, colou a roupa. Trocou algumas palavras corriqueiras sobre o cotidiano. Tomou água e ofereceu. Mais que rápido encontrou um pretexto e saiu para a rua, apático, olhos turvos, indicando o caminho para o outro e certificando-se de estar seguindo pela pista oposta.

IMAGEM ORIGINAL:  http://farm2.static.flickr.com/1298/4685341899_7089674735.jpg

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