O texto de Jorge Amado é deliciosamente descritivo. O leitor ouve o barulho do mar, sente o seu gosto, seu cheiro e quase pode jurar fazer parte da turma de Guma. Não há dúvidas que o mar e sua esposa Janaina (Iemanjá) são integrantes essenciais desta obra. “O mar é belo e é terrível. O mar é livre, dizem, e livre são os que vivem nele”.
A rítmica do texto de Jorge transcorre como uma aula que ensina o bê-á-bá. Ela acontece em ciclos, o autor expõe um fato, fala sobre outro e retoma o primeiro. Ele apresenta mais aspectos, mais pontos e os somam aos antigos. Assim como os professores que ensinam o A, o B e o C e quando estão no D retornam para relembrar desde o A.
Guma é o herói do cais, homem de braços fortes que viaja os mares da Bahia sobre o Valente e sonha desbravar os mares mais distantes. Lívia é a mulher pela qual ele se apaixona, ela é a moça mais bonita do cais. Rufino é o amigo fiel de Guma e Esmeralda é a negra formosa pela qual Rufino está apaixonado. Estes são alguns dos personagens centrais da trama de Amado.
O cais se apresenta como um local com lei própria, onde os homens cumprem uma sina de morrer no mar. A trilha sonora deste destino é “Ele ficou nas ondas. Ele foi se afogar”. As mulheres entregam seus pais, maridos e filhos a Iemanjá. “Há no cais qualquer coisa ainda pior que a miséria das fábricas, a miséria dos campos: há a certeza de que o fim será a morte no mar, numa noite inesperada, numa noite de repente. Elas sabiam disso, era uma sina milenar, era um destino traçado. Ninguém se revoltava”.
É sobre este cenário mítico, entre histórias do mar e dores do cais, que o autor desenha a história de Guma e Livia. O texto é um clássico nacional, escrito em 1936, é um dos melhores livros do autor. Foi livremente adaptado em 2001 para a novela Porto dos Milagres (que se baseou também na obra A Descoberta da América pelos Turcos).
Site oficial do autor: www.jorgeamado.com.br
IMAGEM: http://www.maxxi.g12.br/maxxi/fotos/mar_morto.jpg
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