domingo, 11 de setembro de 2011

É você que passa...

Martela em mim, sempre quando estou a ermo, o seu jeito. O modo como aperta os olhos quando sorri, a mania de coçar a orelha, o sorriso que inicia no canto esquerdo da boca... Lembro-me da primeira vez em que seus dedos macios encontraram os meus e da atenção que dedicamos a aquele casual encontro. Não sei se foi um mutuo esforço ou se realmente tínhamos tantas afinidades. Pedimos dois drinks Cosmopolitan, eu acho, era aniversario de quem mesmo?

Não sei quem tatuou os seus traços em mim e entendo menos qual o propósito desse artífice, no entanto, tenho a certeza que alguém no universo deveria prover aquele encontro, fosse como fosse! Porque logo no inicio a identificação foi tamanha, rimos muito. Talvez você nunca tivesse sido tão expansivo como naquela noite. Durante aquele eterna conversa, algum demiurgo devia estar gerando em mim algo que eu não entenderia jamais, que hoje vive sem teoria, incomodando meu intimo. Recordo-me bem do seu sorriso claro, a barba por fazer, as unhas bem aparadas e a noite perfeita: lua alta em céu limpo.

Depois desse primeiro encontro, nos falamos muito. Torpedos, ligações, redes sociais, nada supria o desejo de estarmos em comunhão. Esse foi o começo, inicio em que a cada momento, como um tolo aprendiz, fui forjando ilusões no mais intimo de mim. Momento em que nos doamos, contando nossas vidas, desfazendo enganos, abrindo portas e janelas. Quando nos desnudamos pra nós mesmo, mais do que para o outro, acreditando que o “para sempre” encontra-se em partilhar a verdade.

Depois daquela noite de junho os dias correram e na mesma velocidade cessaram nossas vozes. Você se calou e eu fiquei aguardando respostas em mensagens que não chegavam. Eu lhe entendo, mesmo a compreensão não trazendo conforto, entendo que enquanto eu alimentava uma paixão você fundamentava uma amizade. As duas são bem parecidas: um encontro de almas pré-determinado que acha desculpa no cotidiano. No entanto, enquanto a amizade aceita ter memória e se refugiar no saudosismo, a paixão quer sempre ser presente.

Sei que às vezes um torpedo seu chega em minha caixa de mensagens, a maioria com uma frase desejando uma boa semana. Texto encaminhado para todos os contatos! E se nisso escapa algo como: - Ei! você está bem? Como anda a vida? Eu sofro mais e prefiro não receber nada... Mas que bobagem a minha, ir até a janela apenas para ver que é você que passa.

IMAGEM:  http://img.rpgonline.com.br/4/contos-dos-usuarios/orgulho/janela.jpg

Um comentário:

  1. Amizade e amor um jogo de interesses e sentimentos, uma relação mutante onde um pode se transformar no outro. Mas o coração é bobo e vive confundindo os dois como se fossem gêmeos.

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