Era sangue o que corria de seus lábios. Ele era jovem, tão jovem! Éramos tão jovens.
Inúmeras lutas e diversas sovas, mas não foi tempo perdido. Alguma coisa deve ter melhorado, no entanto, muito ainda está errado. Como antes, só que hoje de um jeito mais “civilizado”, ninguém respeita a constituição. Todos vão fingindo viver descentemente.
Era um hematoma o que pintava de cor escura o contorno de seus olhos claros. Ainda somos os filhos da revolução, somos burgueses sem religião, somos o futuro da nação.
Na sarjeta, onde estava jogado, suas pernas estavam contorcidas, feito boneco de pano. Mas o nosso dia vai chegar, teremos nossa vez. Não é pedir demais: Quero justiça!
Era um projétil o que estava cravado em sua barriga, único, para que sofresse mais... E a juventude nunca lutou e sofreu tanto neste país. Que país é esse?
Não tínhamos liberdade e diante de um cadáver amigo no chão eu só pensava: Tiram todas as minhas armas, como posso me defender? Vocês venceram essa batalha, quanto à guerra, vamos ver!
Enfim a democracia! As surras deixam de ser físicas. Vou sempre as urnas e olhando as opções percebo existem muitos formatos, que só têm verniz e não tem invenção. E tudo aquilo contra o que sempre lutam, é exatamente tudo aquilo o que eles são!
Narrativa Legionária: Este texto foi baseado em letras da Legião Urbana. A rica composição da banda serve aqui de matéria prima para novas historias. É uma colcha de retalhos costurada com a linha da identificação.
As músicas utilizadas nessa narrativa foram:
Tempo Perdido, Que país é esse, Tédio (Com Um T Bem Grande Pra Você), Geração Coca-Cola, Fábrica, Marcianos Invadem a Terra, O Reggae.
IMAGEM: http://www.joaowerner.com.br/images/morte/homem_na_sarjeta_small.jpg
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