Selecionava a estação recuperando o hábito perdido de acompanhar a programação do rádio. Não demorou muito para que a melodia me enterrasse no sofá. Era a nossa música!
O ritmo trazia o gingado do nosso amor e a letra falava de nós dois. Meus olhos, já por demais úmidos, contradiziam o sorriso que adornava meus lábios. Estava contente por recordar nossos beijos ao som daquela canção, nossos abraços e o balanço de rosto colado. No entanto, era uma dorzinha de amor desperdiçado o que dominava todo o peito.
Nossa! A certeza do amor dói e se ele foi perdido então... A canção nós escolhemos para eternizar, trazer em ondas a emoção do sentimento verdadeiro. Hoje perdido, mas ainda assim verdadeiro.
O locutor interrompe a música antes do fim, perceptível saudosista, apegado ao flashback, ele fala aos corações dos amantes de toda a cidade, dedicando a eles a música que é nossa. Será que ele também dedicou aquela música a dama de sua vida? Talvez eu não seja o único que ame mais o passado do que o presente.
Minha mãe entra no quarto para me entregar correspondências e me pergunta porque choro. Penso em lhe dizer que é uma irritação nos olhos, mas digo: - Foi a canção! Ela não ouve, ou não presta atenção, talvez já está habituada a ouvir explicações sobre meus olhos sensíveis a quase tudo. Hoje o que os irritou foi o romantismo dos anos 80.
IMAGEM: http://www.amizade-amor.com/images/musicas-romanticas.jpg
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