sábado, 15 de setembro de 2012

A parábola do cavalo branco ao invés do preto como manda a Lei

Em um reinado, perdido em algum tempo da história do mundo, existia um Rei muito, mas muito poderoso. Todos seus súditos, e eram muitos, eram chamados pelo nome e mais o prefixo filho, ou filha conforme o caso, e a todos o Rei queria muito bem.

Tudo o Rei lhes provinha. Ele desejava que seus filhos tivessem uma vida feliz. Quase tudo era concedido, exceto o que feria a Lei. A Lei tinha corpo de fêmea e ditava proibições. A Lei sempre existiu, às vezes com outros vestidos, com os lábios pintados de outras cores, outros olhos e nomes, mas sempre existiu.

Alguns filhos-do-rei obedeciam ao que dizia a Lei e por mais doído que fosse cumprir a regra, eles agiam de acordo com o estabelecido. Já outros filhos-do-rei rejeitavam com veemência quase tudo que indicava a Lei, eram esses que abriam as cancelas e iam perecer diante dos perigos que se alocavam fora da terra do Rei e de seus favores.

Certa época, o Rei criou um filho de olhos ditosos. O filho-Orvalho era frágil, mas de tamanha convicção e verdade que seu brilhante olhar cativava qualquer distraído. Filho-Orvalho nada pedia ao seu pai, enquanto o Rei enchia todos seus filhos de favores, este contentasse com o que era providenciado para o hoje.

Pois bem, tempo se passou e filho-Orvalho, já um formoso rapaz, foi até o Rei para lhe dizer-lhe: - Meu Rei, há um desejo que me consome desde sempre e que já não cabe mais em mim... O Rei, emocionado, acreditava que realizaria o primeiro pedido de filho-Orvalho, no entanto, este logo lhe esclareceu: - Rei, eu não desejo abrir cancela alguma e tudo mais o que diz a Lei eu aceito de bom grado. Porém, desde que era uma pequena gota que meu desejo é possuir um cavalo branco e não um preto como nos ordena a Lei.


O Rei mudou o semblante, mas não ficou surpreso, pois nunca se surpreendia. Ele sabia de todas as coisas e mesmo que não as ordenasse, tudo já estava escrito em seu grande livro dos acontecimentos. Filho-Orvalho continuou: - Rei a Lei e má? – e em sua pergunta não havia dupla intenção – Porque ela me priva de algo que não escolhi, de um desejo que nasceu em mim e que não faz mal a nenhum filho-do-rei?

- A Lei não é má filho-Orvalho – disse o Rei após um longo silêncio acariciando sua barba branca – Ela diz, desde sempre, o que é bom e justo seguir...

- Então eu sou mau Rei? – retrucou o rapaz de cabeça baixa, pois não queria que o Rei se intimidasse com seus olhos. É que eles, os cavalos brancos – continuou o garoto - nem sempre ficam no pasto além de suas terras, como todos pensam. Eu os vi, há algum tempo, correndo livres em torno de nós e ao invés de temê-los eu os amei.

O Rei deixava filho-Orvalho sem respostas enquanto dava voltas no salão real. Não que ele não soubesse o que dizer. O Rei era sábio e sábio não é o que sabe as palavras certas, mas a hora e como dizê-las. O Rei pediu que filho-Orvalho volta-se para sua tenda e que sonhasse com o mais belo cavalo branco e que nas primeiras horas do novo dia retornasse ao castelo. Filho-Orvalho cumpriu os pedidos do Rei e assim que o filho-Sol surgiu ele correu para morada do Rei que já o aguardava em seu grande trono.

- Muito bem meu amado filho-do-rei, bem sabeis que eu não devo reescrever a história ou calar a Lei. Mas como pode um Rei não ouvir um pedido de seu filho-Orvalho? Veja se reconhece – puxou o Rei uma cortina e atrás dela estava o corcel branco de filho-Orvalho. Este pode ser seu... Não é para montaria e apenas tu poderá vê-lo, pois foi retirado de seus sonhos com a navalha de ouro, nasceu no seio de meu reinado. Ele é a imagem do que você queria e nova relação deverá estabelecer com ele, diferente daquela que imaginava, não deve existir posse. Desta forma você não contradiz a Lei, você não tem um cavalo branco de pastos errantes. É uma forma de considerar seus sentimentos filho-Orvalho!

Os olhos úmidos de filho-Orvalho escorram feito rio novo, talvez não importasse mais o cavalo branco. O favor do Rei para o filho amado trouxe sentido ao o que era incompreensível e provou que maior que qualquer diferença, que qualquer regra ou limitação era o que ainda era possível ser feito. Rei e filho-Orvalho abraçaram-se.

IMAGEMS: 
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