E se fosse
possível reaver todos os caminhos que você não escolheu? Optar por ter
novamente em mãos algo que descartou? O rascunho que não foi publicado e está
esperando sua vez no fundo de alguma gaveta cheia de coisas velhas... Foi
justamente o que Caio Fernando Abreu fez em Ovelhas Negras.
"Nunca
pertenço àquele tipo histérico de escritor que rasga e joga fora. Ao contrário,
guardo sempre as várias versões de um texto, da frase em guardanapo de bar à
impressão do computador".
O autor
selecionou nesta obra os contos que escreveu entre 1962 e 1995. Textos que por
diversos motivos não entraram em obras anteriores, alguns inéditos outros publicados
uma única vez em jornal.
Compilar 33
anos de história engavetada é, sem dúvida, muito autobiográfico se pensarmos
que o que nos desnuda nós tratamos de esconder. Seria igual com o autor? Será
que Caio escondeu o que achava inacabado? Ou talvez coisas lado B, que não parecessem
linhas suas... Fato é que a obra é de um gostoso tom. Cada texto um pedaço da
alma do artista, um Caio de uma época diferente, mas sempre ele: intenso,
explicito e firme na fraca humanidade do ser.
Imagem: Arquivo Pessoal
Imagem: Arquivo Pessoal
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