domingo, 17 de julho de 2011

Até logo

O que é certo nesta nossa existência é que sua trilha, longa ou curta, segue para o mesmo fim: a morte. Não que os noticiários nos deixem esquecer, mas vivemos dispersos, presos no imediatismo e esquecendo que todos a nossa volta irão perecer, estão fadados a se despedir do que chamamos de vida.

Na juventude criamos a utopia de que os amigos de nossa geração partirão em um tempo longínquo. Veremos antes da partida a conclusão do ensino superior, um feliz casamento e o nascimento dos filhos. Talvez não nesta ordem, mas o fato é que não acreditamos que o tempo nos deixe apenas míseros momentos de alegria compartilhada, algumas fotos sem tamanha diferença na feição, quando na verdade o que gostaríamos era de sorrir 20, 30 ou 40 anos depois (porque não?) de nossos penteados ultrapassados ou o quanto éramos jovens, ingênuos e felizes. De maneira alguma estamos prontos para vê-los partir na mocidade. Ceifados quando a vida ainda está verde, gestando sonhos que levam tempo, quando a velhice ainda não chegou para macular a face.

Diante desse susto, Renato cantaria: “É tão estranho / Os bons morrem jovens / Assim parece ser / Quando me lembro de você / Que acabou indo embora / Cedo demais...”¹. Nós, personagens menos criativos desta despedida, ficamos com um nó sem gosto na garganta, tentando disfarçar a perplexidade, lembrando das ultimas palavras trocadas com aquele que se foi cedo demais, se entreolhando, sentindo um medo profundo, medo de perder mais alguém.

Talvez seja leviana a afirmação que a morte não é para os jovens, mas nós que tão pouco vimos de vida não estamos prontos para despedidas. Sentimo-nos impotentes e roubados, vasculhando dentro de nós esperança, tentando alimentá-la com fé e nos lábios apenas uma definição que só é encontrada na língua portuguesa: saudade.

Em memória de Kelly Mello

1 - Love In The Afternoon – Renato Russo

IMAGEM: http://30.media.tumblr.com/tumblr_lfa24auusV1qgr5q1o1_400.jpg

3 comentários:

  1. Acho que nunca vamos estar devidamente preparados para dizer adeus à um ente querido, mas nada podemos fazer quando a foice da morte nos cerca o pescoço. Dizem que a morte é triste pra quem fica, eu a vejo como o budismo diz "A morte não é o fim de tudo" é o começo de uma nova vida desconhecida pelos mortais.

    ResponderExcluir
  2. É complicado quando a morte nos prega esses sustos, não é verdade? Errado é quem acha que juventude é morte são coisas distantes. É bem como diz aquele ditado: para morrer, basta estar vivo. Mas, certamentem está está em um lugar melhor do que nós.

    Abçs!!

    http://blogpontotres.blogspot.com/
    À flor da pele - Sob a lua

    ResponderExcluir
  3. Acredito que esse é o caminho,aqui estamos prestes a morrer a qualquer momento,e reviver,viver uma nova vida em lugar melhor,nem o mais saudavel está fora do destino...
    Mas a dor de quem fica é dificil,complicado,só quem passa mesmo para saber,mas nada como o tempo,com tempo veem a calmaria e diariamente vamos treinando essa nova vida,nova rotina do dia!!!

    ResponderExcluir


Vai comentar?

Escreva algo construtivo, mostre que tem algo a contribuir!

Reclamações, dúvidas ou sugestões também são bem vindas...

Agradeço a colaboração