domingo, 2 de outubro de 2011

De volta ao autor e a obra

Escrever tem me deixado indócil, na verdade é a tentativa de escrever que me deixa indócil. Sei que tenho algo a dizer, mas as letras não alcançam o papel. Fiquei refém de minha própria técnica. Outro dia me falaram: - Não é o personagem que deve guiar a trama e sim o autor, o autor é o maestro!

Eu fico aguardando uma fagulha de inspiração, para que ele chegue, se mostre e decida como prosseguir. Talvez isso funcione em uma novela, na qual o personagem tem o direito de desenvolver-se, caso contrário, sair de cena.  Mas esse caminho não é bom para outros textos.

Sentado em minha poltrona eu observo a paisagem revelada pela janela na parede oposta. Com caneta e papel nas mãos, tentando abandonar qualquer pretensão, eu refaço o raciocínio que me levou até aquele ponto da narrativa, para que ela mesma me diga como prosseguir. Escrevo algumas linhas (na certeza que vou apagá-las) e quando penso que a narrativa ira desenvolver-se o telefone toca!

Não! Não é assim! Falaram-me: – Você deve ter pretensões. Você deve desenhar o personagem, a trama e decidir onde deseja chegar – A noite escurece a paisagem da janela e eu decido dormir.

No meio da noite ele chega. Com um sorriso maroto tira o meu cobertor, alcança minha orelha e enche minha cabeça de ideias... Maldito! Isso lá são horas? Acendo o abajur e pego o bloco de notas que está estrategicamente ao lado da minha cama. O sol nasce, algumas páginas escritas e talvez uma historia concluída. Inicio o dia confuso, sem saber se quem dita as regras é o criador ou a criatura.

IMAGEM:
http://www.luizberto.com/wp-content/escritor-homem-escrevendo-oliver-ray.jpg

Um comentário:

  1. Isso acontece comigo direto, vivo com fragmentos de ideias vagando pela cabeça. Geralmente eles vem em na hora indevida, então eu anoto na esperança de depois concretiza-los, mas acabam ficando no meu celular ou numa folha esquecida até q aquele mesma emoção volte.

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